1. A EVOLUÇÃO DOS TRANSPORTES
Transportar provêm do latim transportare, significa mudança de lugar, conduzir, levar pessoas e cargas de um lugar a outro.
Desde os primórdios, o ser humano tem necessidade de locomover-se. O atendimento de suas necessidades básicas o obrigou a se instalar perto das fontes de obtenção. Posteriormente, com os agrupamentos (sociedades), para trazer as fontes até sua morada, o transporte foi indispensável para a evolução do mundo. Mais adiante, a produção excedente começou a ser trocada por outras mercadorias ( comércio) por meio de transportes.
O transporte abrange duas etapas: a primeira, com a utilização apenas de forças naturais, como as energias humana, animal, da água e dos ventos; a segunda, com o advento da revolução industrial, por meio da utilização de fontes não naturais de energia, como o vapor, a eletricidade e motores de combustão interna.
Atualmente, o transporte é essencial para o funcionamento de qualquer economia e primordial em qualquer processo de globalização. (CHOPRA E MEINDL, 2003 apud AGUIRRE, 2008)
2. EVOLUÇÃO DOS MEIOS DE TRANSPORTE TERRESTRE
2.1 Os animais
O ser humano constatou rapidamente as suas limitações físicas e buscou outras formas de compensá-las. O emprego dos animais foi sua primeira investida: cães, cavalos, camelos, elefantes, entre outros. Foram usados inicialmente como montaria e depois como bestas de varga. Logo, o homem descobriu que era mais fácil arrastar do que carregar. Uma prefiguração da criação da roda foi a utilização de rolos de madeira em paralelo para deslocar a carga. O seu grande peso tornava penoso seu deslocamento unicamente por meio da força muscular, mesmo através do arrasto com auxilio de galhos. O aparecimento de uma nova solução técnica, as alavancas, foi outro importante acontecimento.
Inicialmente utilizaram-se trenós que se deslocavam sobre troncos de madeira, para tornar o transporte mais facilitado.
2.2 A Roda
Há diversas teorias sobre o surgimento da roda. Os primitivos instrumentos de pedra ou metal poderiam ter sido utilizado para se lavrar ou talhar as primeiras rodas. Os primeiros testemunhos do aparecimento desse objeto indicam sua origem na civilização Suméria, aproximadamente em 3000 a.C, com rodas peculiares formadas de duas peças de madeira. A invenção da roda foi de grande valia em lugares em que o terreno favorecia sua utilização: planícies, cobertas por plantas rasteiras. Ela facilitou o transporte dos fardos pesados, por meio de carros e carretas e, dessa forma, permitiu o aumento da atividade econômica.
Os egípcios tornaram o carro de guerra mais leve e sua construção tornou-se extremamente refinada. A escolha de materiais era cuidadosa e para cada parte era empregada a madeira que melhor se adequasse à função. O encaixe das peças era perfeito. Os raios das rodas eram compostos de duas peças separadas, que eram coladas a seguir (aproximadamente 1400 a.C). Isso visava a obter uma maior elasticidade. (NTU, 2011)
2.3 As estradas Romanas
A construção de estradas foi um fator essencial no desenvolvimento econômico do Império Ramano, além de favorecer enormemente seu domínio militar. A circulação viária só poderia florescer em um país onde estradas apropriadas estivessem à disposição do tráfego,
Contudo o desenvolvimento da rede viária exigia muito tempo. Na Idade Média, sua construção e manutenção foram interrompidas e ignoradas. Sua retomada veio somente com a expansão de Napoleão em 1810 (CNT, 2011)
2.4 A Carroça
A agricultura foi sem duvida, o domínio em que esse tipo de veículo foi utilizado de modo ininterrupto, desde a queda do Império Romano. Entre os veículos usados, o mais comum era a carroça de duas rodas, pois esta não necessita de caminhos de boa qualidade. A carroça é mais leve, mais manobrável e seu equilíbrio é mais estável. Enquanto fosse possível, ela era o veículo preferido do camponês.
Os carros e carroças foram aperfeiçoados e sofisticados, com a construção de cabriolés, cupês, carruagens, cada vez mais leve e arejados, com portas e janelas, separando-se o compartimento dos passageiros e da carga. O número de cavalos foi aumentado, assim como a quantidade de rodas. A suspensão foi adicionada no séc. XV.
2.5 A Ferrovia
Apesar de na Antiguidade os egípcios e romanos utilizarem trilhos de madeira fixados ao solo, deslizando veículos sobre eles para redução significativa do atrito e do esforço de tração, somente foi retomado esse conceito nas minas de carvão inglesas do sec. XVI. Com certeza, esse modelo influenciou na criação da primeira ferrovia.
A Revolução Industrial aconteceu na Europa, particularmente na Inglaterra, a partir do século XIX, quando os meios de produção, até então dispersos em pequenas manufaturas foram concentrados em grandes fábricas, com o emprego de máquinas na produção de mercadorias. Numerosos inventos, surgidos no século anterior, permitiam esse progresso. Entre eles, destacam-se o tear mecânico de Edmundo Cartwright em 1785, revolucionando a fabricação de tecidos, e a máquina a vapor de James Watt, aperfeiçoando a descoberta de Newcomen, em 1705.
A primeira locomotiva, a de Trevithick, foi construída em 1803, pesava 5 toneladas e desenvolvia 5 Km/h.
O aumento do volume da produção de mercadoria e a necessidade de transportá-las, com rapidez, para os mercados consumidores, fizeram com que os empresários ingleses dessem apoio a George Stephenson (1781-1848), que apresentou sua primeira locomotiva, movimentando 8 vagões em 1814. Foi o primeiro que obteve resultados concretos com a construção de locomotivas, dando inicio à era das ferrovias.
Stephenson, engenheiro inglês, construiu a “Locomotion”, que em 1825, tracionou uma composição ferroviária com 34 vagões transportando 60 t e 600 passageiros, trafegando entre Stockton e Darlington, num percurso de 15 quilômetros, a uma velocidade próxima dos 20 quilômetros por hora. Em associação com seu filho, Robert Stephenson, fundou a primeira fábrica de locomotivas do mundo. Foi ele considerado, então, o inventor da locomotiva a vapor e construtor da primeira estrada de ferro.
Porém, os altos custos de instalação e a baixa velocidade não venciam a tração animal, mais vantajosa economicamente. No entanto, a partir de 1829, já se conseguiu uma boa velocidade, de 47 KM/h. (DNIT, 2011
2.6 O Caminhão
Uma evolução das carroças tracionadas por animais foi chamada no inicio, apropriadamente, de carruagem se cavalos. O caminhão é um veículo terrestre para transporte de carga, tem estrutura única, montada sobre um chassi. Esses veículos são construídos em vários tamanhos, o que lhe confere a sua categoria de carga.
Caminhões e carros têm origem comum: o “fardier” movido a vapor de cugnot, de 1789. Contudo, caminhões a vapor não eram comuns até 1800, pelo fato das estradas serem construídas para cavalos e carruagens, limitando o movimento desses veículos. O primeiro reboque surgiu em 1881, puxado por um trator a vapor. Caminhões movidos a vapor foram produzidos e vendidos até as vésperas da primeira Guerra Mundial.
O primeiro motor de combustão interna foi construído em 1898 por Gottlieb Daimler. Outros, tais como Peugeot, Benz e Renault, construíram os seus próprios motores. Geralmente eram construídos com motores de dois cilindros, com uma capacidade de carregar 1500 a 2000 Kg.
Após a Primeira Guerra Mundial, vários avanços foram feitos, como os pneumáticos, acionadores de partida elétricos, motores de 6 cilindros ou mais e iluminação elétrica (NTU, 2011)
3. TIPOS DE MODAIS DE TRANSPORTE
Os transportes de cargas possuem cinco tipos de modais, cada um com custos e características operacionais próprias, que os tornam mais adequados para certos tipos de operações e produtos. Todas as modalidades tem suas vantagens e desvantagens. Algumas são adequadas para um determinado tipo de mercadorias e outras não. Escolha a melhor opção, analisando os custos, características de serviços, rotas possíveis, capacidade de transporte, versatilidade, segurança e rapidez.
3.1 Modal Ferroviário
No Brasil, o transporte ferroviário é utilizado principalmente no deslocamento de grandes tonelagens de produtos homogêneos, ao longo de distâncias relativamente longas.
Como exemplo destes produtos estão os minérios (de ferro, de manganês), carvões minerais, derivados de petróleo e cereais em grão, que são transportados a granel. No entanto, em países como a Europa, por exemplo, a ferrovia cobre um aspecto muito mais amplo de fluxos. Como exemplos de meios de transporte ferroviário, pode-se citar o transporte com vagões, containers ferroviários (1 a 5 toneladas) e transporte ferroviário de
semi-reboques rodoviário (piggyback).
Segundo Ballou (1993:127) existem duas formas de serviço ferroviário, o
transportador regular e o privado. Um transportador regular presta serviços para qualquer usuário, sendo regulamentado em termos econômicos e de segurança pelo governo. Já o transportador privado pertence a um usuário particular, que o utiliza em exclusividade.
Com relação aos custos, o modo ferroviário apresenta altos custos fixos em equipamentos, terminais e vias férreas entre outros. Porém, seu custo variável é baixo. Embora o custo do transporte ferroviário seja inferior ao rodoviário, este ainda não é amplamente utilizado no Brasil, como o modo de transporte rodoviário. Isto se deve a problemas de infra-estrutura e a falta de investimentos nas ferrovias.
3.2 Modal Rodoviário
É o mais expressivo no transporte de cargas no Brasil, atingindo praticamente todos os pontos do território nacional, pois desde a década de 50 com a implantação da indústria automobilística e a pavimentação das rodovias, esse modo se expandiu de tal forma que hoje é o mais procurado. Difere do ferroviário, pois se destina principalmente ao transporte de curtas distâncias de produtos acabados e semi-acabados. Por via de regra, apresenta preços de frete mais elevados do que os modais ferroviário e hidroviário, portanto sendo recomendado para mercadorias de alto valor ou perecíveis. Não é recomendado para produtos agrícolas a granel, cujo custo é muito baixo para este modal.
Em relação aos serviços, além da distinção entre transportadoras regulares e frota privada, existem também transportadores contratados e isentos. Quando os clientes desejam obter um serviço mais adequado as suas necessidades, isentando-se de despesas de capital ou problemas administrativos associados a frota própria, estes se utilizam de transportadores contratados. Os transportadores contratados são utilizados por um número limitado de usuários em contratos de longa duração. Já os transportadores isentos são aqueles livres de regulamentação econômica, como por exemplo, veículos operados e contratados por fazendeiros ou cooperativas agrícolas.
O transporte rodoviário apresenta custos fixos baixos (rodovias estabelecidas e construídas com fundos públicos), porém seu custo variável (combustível, manutenção, etc.) é médio.
As vantagens deste modal estão na possibilidade de transporte integrado porta a porta e de adequação aos tempos pedidos, assim como freqüência e disponibilidade dos serviços. Apresenta como desvantagem a possibilidade de transportar somente pequenas cargas.
3.3 Modal Hidroviário
O transporte hidroviário é utilizado para o transporte de granéis líquidos, produtos químicos, areia, carvão, cereais e bens de alto valor (operadores internacionais) em contêineres. Os serviços hidroviários existem em todas as formas legais citadas anteriormente. Como exemplos de meios de transporte hidroviário, pode-se citar os navios dedicados, navios containers e navios bidirecionais para veículos (roll-on, roll-off, vessel).
Este tipo de transporte pode ser dividido em três formas de navegação, são elas: a cabotagem que é navegação realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou entre esta e as vias navegáveis interiores (até, aproximadamente, 12 milhas da costa); a navegação interior que é realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou internacional e por fim, a navegação de longo curso, realizada entre portos brasileiros e estrangeiros.
Em relação aos custos, o transporte hidroviário apresenta custo fixo médio (navios e equipamentos) e custo variável baixo (capacidade para transportar grande quantidade de tonelagem). É o modal que apresenta o mais baixo custo.
Este modal apresenta como vantagens a capacidade de transportar mercadoria volumosa e pesada e o fato dos custos de perdas e danos serem considerados baixos comparados com outros modais. Suas principais desvantagens são a existência de problemas de transporte no porto; a lentidão, uma vez que o transporte hidroviário é, em média, mais lento que a ferrovia e a forte influência do tempo. Sua disponibilidade e confiabilidade são afetadas pelas condições meteorológicas.
3.4 Modal Aeroviário
O transporte aeroviário tem tido uma demanda crescente de usuários, embora o seu frete seja significativamente mais elevado que o correspondente rodoviário. Em compensação, seu deslocamento porta a porta pode ser bastante reduzido, abrindo um caminho para esta modalidade, principalmente no transporte de grandes distâncias.
Este tipo de transporte é utilizado principalmente nos transportes de cargas de alto valor unitário (artigos eletrônicos, relógios, alta moda, etc) e perecíveis (flores, frutas nobres, medicamentos, etc). Como exemplos deste meio de transporte estão os aviões dedicados e aviões de linha.
Segundo Ballou (1993:129), no modo aéreo existem os serviços regulares, contratuais e próprios. O serviço aéreo é oferecido em algum dos sete tipos: linhas-tronco domésticas regulares, cargueiras (somente cargas), locais (principais rotas e centros menos populosos, passageiros e cargas), suplementares (charters, não tem programação regular), regionais (preenchem rotas abandonadas pelas domésticas, aviões menores), táxi aéreo (cargas e passageiros entre centros da cidade e grandes aeroportos) e internacionais (cargas e passageiros).
O transporte aeroviário é o que tem custo mais elevado em relação aos outros modais. Seu custo fixo é alto (aeronaves, manuseio e sistemas de carga), bem como seu custo variável, apresenta alto custo de combustível, mão-de-obra, manutenção, etc.
As vantagens deste modo de transporte são a velocidade elevada, distância alcançada, segurança (roubos, danos e extravios), redução de custo com estoque. Suas principais desvantagens são o custo de frete, tempos de coleta e entrega, manuseio no solo e dimensões físicas dos porões de transporte dos aviões.
3.5 Modal Dutoviário
A utilização do transporte dutoviário é ainda muito limitada. Destina-se
principalmente ao transporte de líquidos e gases em grandes volumes e materiais que podem ficar suspensos (petróleo bruto e derivados, minérios). A movimentação via dutos é bastante lenta, sendo contrabalançada pelo fato de que o transporte opera 24 horas por dia e sete dias por semana. Os direitos de acesso, construção, requisitos para controle das estações e capacidade de bombeamento fazem com que o transporte dutoviário apresente o custo fixo mais elevado. Em contrapartida, o seu custo variável é o mais baixo, nenhum
custo com mão de obra de grande importância. É portanto, o segundo modal com mais baixo custo, ficando atrás apenas do modo de transporte hidroviário.
Como vantagens, o transporte dutoviário se apresenta como mais confiável de todos, pois existem poucas interrupções para causar variabilidade nos tempos e os fatores meteorológicos não são significativos. Além disso, os danos e perdas de produtos são baixos. Como desvantagem está a lentidão na movimentação dos produtos, o que inviabiliza seu uso para o transporte de perecíveis.
4. REFERÊNCIAS
AGUIRRE, Alberto de Barros. Alternativas para o transporte de areia e brita – Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Minas e de Petroleo.—São Paulo, 2008
ALVRENGA, A. C., NOVAES, A. G. N. Logística Aplicada – Suprimento e Distribuição Física. 3a edição. São Paulo: Edgar Blücher, 2000.
BALLOU, Ronald H.. Gerenciando a Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001.
BALLOU, Ronald H.. Logística Empresarial - Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993.
CNT – Confederação Nacional do Transporte – História dos Transportes. Disponível em: <http://app.sistemacnt.org.br/sigb/PesquisaAcervo.aspx> . Acessado em 11 de junho de 2011